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Após reclamações de mau cheiro, relatório aponta negligência em estação de tratamento da Sabesp em Hortolândia

Arsesp aponta negligência no manejo do lodo em estação de tratamento de esgoto Em relatório apresentado à Sabesp, a Agência Reguladora dos Serviços Públ...

Após reclamações de mau cheiro, relatório aponta negligência em estação de tratamento da Sabesp em Hortolândia
Após reclamações de mau cheiro, relatório aponta negligência em estação de tratamento da Sabesp em Hortolândia (Foto: Reprodução)

Arsesp aponta negligência no manejo do lodo em estação de tratamento de esgoto Em relatório apresentado à Sabesp, a Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) apontou que "a emissão de odores é consequência da má operação da estação, com negligência na gestão de lodo" na estação de tratamento de esgoto de Hortolândia. Desde 2017, moradores apontam mau cheiro vindo do local. A Arsesp realizou vistoria na estação dias após um protesto de moradores para pedir solução para o mau cheiro. A EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso ao documento enviado no dia 17 de julho. A Sabesp tem 90 dias para regularizar os problemas. Segundo OAB, a estrutura do tratamento de esgoto não acompanhou o crescimento da cidade nos últimos anos. Clique aqui para seguir o canal do g1 Campinas no WhatsApp O que diz o relatório? O documento aponta as seguintes irregularidades: Tubulações e equipamentos: não estão em bom estado de conservação e manutenção, apresentando indícios de rompimentos; Ausência de manejo de lodo: falhas graves como a não realização de dragagem por mais de uma década; Vazão acima da capacidade projetada: a estrutura está operando a uma vazão de 422 l/s e o recomendado no projeto original é 315 l/s. De acordo com o documento, a emissão de odores no entorno da unidade estão associados a "falhas operacionais diretamente relacionadas à ausência de manejo adequado do lodo". Ainda segundo o relatório, a ausência da realização de dragagem — processo de remoção de sedimentos acumulados no fundo de tanques, lagoas e outros reservatórios, com o objetivo de otimizar o funcionamento e prolongar a vida útil do sistema — configura "falha grave na manutenção preventiva e reflete uma gestão operacional ineficiente". Diante disso, o documento constata que a emissão de odores "é consequência da má operação da estação, com negligência na gestão de lodo como fator determinante, caracterizando uma prestação inadequada do serviço". Ainda de acordo com a Arsesp, a estação elevatória de esgoto, que fica dentro da área da estação de tratamento, pode ser identificada como uma fonte potencial de emissão de odores. Isso porque ela acumula e movimenta esgoto bruto em tanques de retenção antes do bombeamento, ambientes propícios à decomposição da matéria orgânica e consequente formação de gases com odores. Para isso, o órgão recomenda ações para minimizar os impactos, tais como enclausuramento das unidades na estação elevatória. Para o presidente da comissão de meio ambiente da OAB em Hortolândia, Denilson Cazuza, a estrutura do tratamento de esgoto não acompanhou o crescimento da cidade nos últimos anos. "A cidade cresceu e hoje ultrapassa 250 mil habitantes e a estação de tratamento não comporta mais aquilo que era [suportado] em 2009, quando se iniciou a operação da estação de tratamento em Hortolândia", disse Cazuza. A Sabesp alega que está investindo em melhorias estruturais e operacionais, com ações iniciadas em março e duração prevista para setembro. Entre as melhorias, estão troca de tubulações, equipamentos e limpeza das lagoas de estabilização. A companhia disse ainda que está contratando uma nova estação de tratamento de esgoto em Hortolândia, com tecnologia mais moderna e maior capcidade de tratamento. As obras começam em 2026. Questionada sobre o relatório, a empresa não respondeu. Já a prefeitura de Hortolândia informou que cobra e fiscaliza a companhia para rápida resolução do problema de mau cheiro na estação de tratamento de esgoto. A administração teve mais um encontro nesta segunda-feira (4) em busca de medida para resolver a situação. Leia também: Moradores reclamam de mau cheiro de estação de tratamento de esgoto em Hortolândia: 'situação de calamidade' Histórico Moradores reclamam de mau cheiro há anos: 'situação de calamidade' Reprodução EPTV A estação da Sabesp conta com, pelo menos, sete lagoas para o tratamento de resíduos. A empresa já recebeu multas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) por conta da operação inadequada no local. A Promotoria da cidade entrou com uma ação civil pública em 2019. A Sabesp recorre de uma condenação na Justiça e já foi multada inúmeras vezes pela Cetesb. No final de maio deste ano, a estação recebeu multas por emissão de odor e transbordamento de resíduos da lagoa de decantação. Os valores chegam a R$ 488 mil. Em junho deste ano, a comunidade realizou protesto em frente ao local. Dias depois do protesto dos moradores, a estação recebeu uma vistoria da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp). Técnicos fiscalizaram as condições da estrutura e o funcionamento da estação de tratamento de esgoto e as irregularidades acima foram encontradas. Em nota, a Sabesp informou que está investindo em melhorias estruturais e operacionais, com ações iniciadas em março e duração prevista de seis meses. Veja o que diz a nota na íntegra: "Para minimizar os odores, a Sabesp está investindo mais de R$ 28 milhões em melhorias estruturais e operacionais. As ações foram iniciadas em março, com duração prevista de seis meses (setembro). Incluem a remoção de lodo de seis lagoas de polimento e decantação para reduzir a emissão de odores e recuperar a capacidade hidráulica, a limpeza das três lagoas de aeração com instalação de novos difusores de ar, além da mobilização de equipamentos e preparo de materiais para execução dos serviços. Também fazem parte das melhorias a aquisição e instalação de portas acústicas na casa dos sopradores, atenuadores de ruído nas linhas de ar, além de novos sopradores, linhas de ar, instrumentação, sensores e infraestrutura elétrica. A empresa informa ainda que outras melhorias já estão operando, como o tratamento preliminar de esgoto realizado em local totalmente fechado, com captação e lavagem de gases. Também foram instalados sistemas de mitigação de odor, com aplicação de produtos químicos em diversos pontos do processo. Para reduzir os impactos causados pelo odor na vizinhança, foi implantada uma cortina vegetal no entorno da ETE como uma barreira natural. A Sabesp reforça que, durante a remoção do lodo, pode haver emissão de odores, mas são utilizados produtos específicos para reduzir os impactos enquanto o serviço estiver em andamento". Estação de tratamento de esgoto da Sabesp em Hortolândia (SP) VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.