Oeste paulista tem média de um desaparecimento a cada três dias; conflitos familiares são causa frequente
Entre janeiro e novembro deste ano, 120 pessoas desapareceram no oeste paulista Emerson Sanchez/TV TEM Entre janeiro e novembro deste ano, 120 pessoas desaparec...
Entre janeiro e novembro deste ano, 120 pessoas desapareceram no oeste paulista Emerson Sanchez/TV TEM Entre janeiro e novembro deste ano, 120 pessoas desapareceram no oeste paulista - em média, uma ocorrência dessa natureza é registrada a cada três dias. Embora cada caso tenha suas particularidades, a Polícia Civil afirma que boa parte das ocorrências envolve situações que começam dentro da própria casa. Em entrevista ao g1, o delegado Claudinei Alves, da 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Homicídios, com sede em Presidente Prudente (SP), explica que conflitos e desentendimentos familiares aparecem com frequência entre os fatores que motivam esses registros. 📲 Participe do canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp Veja os vídeos que estão em alta no g1 "O carro-chefe é o problema familiar, um desacerto, um desajuste, uma briga, uma discussão. Às vezes a pessoa sai para dar uma refrescada na cabeça, igual alguns casos ocorreram. Filhos que brigam com os pais, não aceitam algum limite ou alguma coisa parecida com isso também", conta. Nesses cenários, segundo o delegado, podem surgir desdobramentos criminais, como registros de agressão entre pais e filhos. LEIA TAMBÉM: Oeste paulista se consolida como potência em energia renovável e já soma 1,5 GW de geração limpa VÍDEO: cão é resgatado após ficar preso em cano de 3 metros de profundidade em Regente Feijó Polícia Ambiental atende mais de 300 denúncias de maus-tratos a animais no oeste paulista em 2025 Dezenas de casos na região Na área do Departamento de Polícia Judiciária do Interior – 8 (Deinter 8), as apurações ficam a cargo da 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Homicídios, vinculada à Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic). Conforme dados fornecidos ao g1 pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), em 2023 a região registrou 137 boletins de ocorrência por desaparecimento. Em 2024, foram 113. Já entre janeiro e novembro deste ano, 120. No mesmo período, foram registrados 450 boletins de encontro de pessoas — 124 envolvendo mulheres e 266 homens. A maior parte dos casos corresponde a adultos entre 18 e 59 anos, seguida por menores e idosos com 60 anos ou mais, segundo a SSP. Como funciona a investigação Alves explica que, sempre que uma pessoa é dada como desaparecida, a Polícia Civil abre imediatamente um procedimento interno de investigação, o PID. Esse trabalho reúne uma série de verificações iniciais para tentar localizar rapidamente quem sumiu. "Nesse PID, a gente desenvolve as verificações e tenta localizar a pessoa da maneira que é possível de imediato. Tanto de forma imediata como de forma mediata também", completa. Ele afirma que uma portaria interna orienta o passo a passo das equipes, permitindo que as checagens comecem logo após o registro da ocorrência. O trabalho depende de uma rotina de diligências técnicas. "A investigação se baseia exatamente nisso. Uma rotina, um levantamento de dados, pesquisas, verificação de telefones", descreve. A legislação possibilita à polícia acessar informações relevantes, conforme particularidades do caso. "A gente consegue ter uma informação maior em busca de dados, que, por exemplo, ela pode ter feito uso de algum sistema de locomoção, como o Uber ou algum outro sistema", continua. Antes mesmo da abertura formal do boletim, é necessário confirmar que a pessoa realmente está desaparecida. "Porque às vezes se faz meramente uma comunicação e acaba não efetuando uma pesquisa, uma análise para realmente saber se a pessoa desapareceu ou não." Apurações ficam a cargo da 3ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Homicídios, vinculada à Deic, em Presidente Prudente (SP) Polícia Civil O papel da família O delegado destaca que as informações fornecidas pela família ou outras pessoas próximas são determinantes para o avanço das buscas. Questionado se é comum a polícia ser acionada em situações que não chegam a configurar desaparecimento — como jovens que saem sem avisar ou estão na casa de amigos — ele confirma: "Sim, nós temos vários registros nesse sentido. Felizmente, descobre-se que estava na casa de um parente e a gente acaba localizando", comenta. Por isso, Alves recomenda que a família tente contato prévio com conhecidos, vizinhos e parentes antes de procurar a polícia. "A gente reforça a necessidade de, feito o registro, também fazer o registro complementar de encontro, porque o documento dele fica bloqueado no sistema." Mesmo assim, não há prazo mínimo para registrar o desaparecimento. O boletim pode ser feito presencialmente ou pela Delegacia Eletrônica, fornecendo o máximo de informações possíveis. Entre os dados essenciais estão detalhes sobre rotina e relações pessoais. "Só a família é sabedora. Às vezes, vamos pegar um caso específico de uma adolescente, por exemplo. A família sabe os amigos, os relacionamentos, os contatos, os telefones, locais que frequentava, o que gostava de fazer, quais são as pessoas que se aproximaram dela recentemente, algum namorado, alguma coisa parecida com isso." Essas informações, segundo ele, ajudam a direcionar diligências, indicar possíveis rotas e definir prioridades. O delegado reforça: "São dados que só a família consegue passar para a gente, então são situações que a família tem que passar para a gente poder trabalhar em cima, poder fazer essas verificações." Após o registro do desaparecimento, inicia-se a investigação formal e a foto da pessoa é inserida nos sistemas oficiais. As buscas continuam até que o Boletim de Encontro de Pessoa seja registrado. Veja mais notícias no g1 Presidente Prudente e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM